Direção: Ryūsuke Hamaguchi. Roteiro: Ryūsuke Hamaguchi. Montagem: Ryūsuke Hamaguchi, Azusa Yamazaki. Direção de Fotografia: Yoshio Kitagawa. Produção: Satoshi Takada. Som: Izumi Matsuno. Música: Eiko Ishibashi.
A dilatação do tempo foi uma das principais causas de investigação da experimentação cinematográfica, em termos narrativos, no início desse século XXI. A experiência do fluxo atestou bastante isso e colocou em discussão os limites e amplitudes desse tipo de cinema especificamente.
Os filmes de Ryūsuke Hamaguchi trazem esse índice da dilatação temporal de modo muito marcante, também. Não é que seus filmes sejam temática e formalmente sobre isso, estritamente, mas eles resguardam esse coeficiente em maior ou menor medida.
Nesse trabalho, em particular, há o elemento da duração em uma obra de 1h40m, mas a impressão que ficamos ao final é de termos experenciado um tempo maior. Algo reforçado, certamente, por essa construção elástica das longas sequências e o consequente ritmo mais lento dos eventos encenados.
É um cinema que nos propõe um outro estado no corpo a corpo com a cinematografia contemporânea. Não que o longa em si seja algo fora de qualquer curva do que temos visto ao longo da última década, mas só o gesto de entender a importância dessa "quebra espistemológica" na fruição espectatorial, já lança o trabalho para um outro campo.
Um espaço onde as convenções não são um princípio. Na certeza de que nem tudo está dito. Tudo o que vemos nos leva a acreditar nessa ambiência com o "real", mas o verdadeiro convite que o filme nos faz é o do mergulho naquilo o que ele, de fato, pode ou deve não vir a ser.
Não há o bem, nem o mal, assim como não há a generosidade ou a violência. Tudo é porque o câmbio das ações no fluxo da vida dessas personagens é cambiante. Esse pode ser um dos ganchos para uma relação bem particular com esse tipo de trabalho.
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