Direção: Anna Muylaert. Roteiro: Anna Muylaert. Direção de Fotografia: Bárbara Álvarez. Som: Taylor Flinn. Produção: Anna Muylaert, Mayra Lucas. Música: Mateus Alves, André Abujamra. Montagem: Karen Harley, Marina Kosa. Direção de Arte: Juliana Ribeiro
Reside em "O Clube das Mulheres de Negócios" uma mistura de descompensamento narratológico impensando com algo da ordem de uma disfunção do campo do conceito mesmo em torno de um trabalho como esse. E o que mais impressiona é que ficamos, de fato, com a última impressão que tudo foi idealizado para ser, verdadeiramente, assim.
Não é como se Anna Muylaert quisesse fazer a sátira como um ponto de partida de um comentário às avessas. Subentendemos (ou entendemos logo de início) que há o coeficiente da crítica dos valores sobre o lugar da mulher na contemporaneidade, mas tudo vai se reorganizando de um modo tão caricato que o índice crítico se esvazia na própria noção de desproporção dessa intenção.
É péssimo, de mal gosto e fútil mesmo. Todo o sentido da produção obedece essa régua de uma estrutura de planos bem compostos, uma iluminação das cenas também regulada, tudo correspondendo a uma gramática da cinematografia nacional cosmetizante bancada pelo capital de grandes grupos como a Globo Filmes.
Nada disso é suficiente. Em verdade, não importa. A intenção de se fazer um trabalho de resposta a alguma causa pode até estar ali, mas isso não se implica dentro do nível do filme, ao realizador só esta uma vontade, e que nessa caso, só diz respeito mesmo a uma execução boba e idiotizante.
Um projeto tão despersonalizado que nos deixa a impressão de não ter sido tocado por uma autora. O que certamente parece ser o caso, aqui. Muylaerte não parece presente. Não é isso o que sentimos em obras como "Que Horas Ela Volta" (2015) ou "Mãe Só Há Uma" (2016). Trabalhos que também não precisam ser tomados como "autorais", mas que nem por isso soam tão autocaricatos, equivocados em última palavra. Não resta mais nada.
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