top of page
Foto do escritordanielsa510

O Bastardo: um mundo feito de caos e sangue

Crédito: Pandora Filmes

Direção: Nikolaj Arcel. Roteiro: Nikolaj Arcel, Anders Thomas Jensen, Ida Jessen. Direção de Fotografia: Rasmus Videbæk. Som: Claus Lynge. Música: Benedikt Schiefer. Montagem: Olivier Bugge Coutté. Direção de Arte: Jesper Clausen. Design de Produção: Jette Lehmann. Produção: Louise Vesth, Tine Mikkelsen. Cabelo: Sabine Schumann.


A fonte histórica de onde o filme se baseia não parece preocupada em restituir os eventos em uma estrutura caso a caso, o que é ótimo considerando isso como um modo de desvencilhar a obra da sua carga oficializante e se aproximando mais de uma vertente ficcional do modo como os eventos são descritos.


O movimento é em prol dessa jornada de humanização do protagonista em detrimento à aridez e dureza daquele contexto.


Uma condição que parece se exprimir tanto pela questão conceitual de uma tarefa quase impossível na lida com um terreno infértil onde, a princípio, nada parece brotar dele, quanto das dificuldades que Ludvig Kahlen e seus poucos aliados enfrentam na trama da dinâmica social daquela Dinamarca do século XVIII.


Nisso é onde o filme parece ganhar mais força. No fato de ele resistir a uma lógica maniqueísta de uma narrativa apelativa. Há uma dureza inefável a cada terço de tempo de onde os eventos se desenrolam, é verdade. Mas ela nunca se excede, no sentido de tentar manipular o olhar espectatorial a partir da dor do outro.


A violência nem por isso deixa de ser uma marca da trama. Ela pauta cada movimento dado aqui, sem dúvida. Mas jamais se dobra ao desejo fetichista de dualizar e reduzir o discurso pelo bem contra o mal. Schinkel é essa malevolência, mas isso não se justifica em uma trilha de sangue deixada pelo personagem a fim de se atingir seu adversário.


Isso até é insinuado, de alguma forma, mas novamente, o limite do recurso nunca se extrapola. E tudo o que o antagonista faz, ocorre como que para elucidar as barreiras com as quais que ele jamais viria a ser paralisado. Nesse mal indelével, somente o sacrifício soa como uma resposta equinanime. Ou seja, não se trata de estar em uma posição de prestígio.


Para Kahlen, é o caminho que o mostrará o recurso final na modulação do resto dos seus dias. É mais sobre a escolha no espaço-tempo derradeiro da experiência vivente do que sobre os títulos acumulados a custa de sangue e fumaça.


Tudo isso constitui o que esse personagem é, mas o humano se emancipa por aquilo o que ele é capaz de fazer na contramão daquilo o que ele ontem, tomaria como a meta. Por isso esse é, também, um filme adulto.


Maduro no sentido de se entender como uma narrativa de ressignificação pela dor, pela alegria, pelo medo, e pela coragem, pelo amor e pelo ódio. Pela amálgama de tudo isso. Brilhante.

1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント


bottom of page